terça-feira, 2 de outubro de 2012

SE A LÍNGUA PECAR...

Ora, a língua... é mundo de iniquidade; ...contamina o corpo inteiro e não só põe em chamas toda a carreira da existência humana, como é posta ela mesma em chamas pelo inferno. Tiago 3:6

Há muitos anos, quando os meus pais eram missionários na Ilha da Madeira, o meu pai viu um cartão postal que o impressionou. (Esse postal está hoje comigo.) Retrata um marido, de martelo na mão com um sorriso satisfeito nos lábios, a pregar a língua desmesuradamente grande da sua mulher na mesa da cozinha. Ela está ajoelhada, com as mãos amarradas para trás.
Na altura, a nossa igreja no Funchal estava a ter problemas com mexericos. O meu pai não costumava enganar-se, mas dessa vez enganou-se. Imaginou que os mexericos cessariam se ele pregasse o cartão no quadro de anúncios da igreja. Não cessaram. O cartão serviu para avolumar ainda mais o problema. Alguém se reconheceu na gravura e considerou-a uma ofensa pessoal.
Por coincidência, pouco depois disso, começámos a receber um jornal da América. Um dos exemplares causou uma impressão indelével sobre a minha mente. Mostrava uma mulher a segurar uma toalha sobre a boca. Estava obviamente a sentir dores. A história sob a ilustração declarava que se tratava de uma mulher que tinha decidido curar-se do hábito do mexerico, cumprindo literalmente a instrução dada em Marcos 9:43-48. Tinha cortado a ponta da sua língua. Não soube se o seu acto teve como consequência um efeito salutar. E dessa vez o meu pai não pregou o recorte no quadro de anúncios.
Alguns homens parecem pensar que só as mulheres são bisbilhoteiras. Estão errados! O mexerico de modo algum se restringe apenas às mulheres. Já conheci homens mexeriqueiros (eu, inclusive). Só que nós dávamos a esse hábito o nome de 'informação'. De alguma forma, a mudança do nome fazia com que o acto parecesse quase bom.
A Bíblia condena o mexerico (ver Levítico 19:16), e um verdadeiro seguidor de Cristo vencerá esse hábito. Se acha que tem essa tendência, o segredo da vitória não está em cortar fisicamente a sua língua ou pregá-la na mesa da cozinha, mas em permitir que o Espírito de Cristo a controle de tal modo que ela se torne uma benção e não um prejuízo para os outros. Leia Tiago 3:7-11.