sábado, 31 de março de 2012

SERVO DOS SERVOS

Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Porque Eu vos dei o exemplo, para que, como Eu vos fiz, façais vós também. João 13:14 e 15

Um dos títulos que o pontífice romano adoptou para si é o de "servo dos servos". Em harmonia com esse título, cada ano o Papa lava os pés de 12 sacerdotes comuns. Eles vão da capital italiana para dentro da Basílica de São Pedro para esse rito.
Há algum tempo, fiz o trabalho de revisão dos manuscritos do livro intitulado Missions: A Two-Way Street (Missões: Uma Rua de Mão Dupla), da autoria de Jon Dybdahl. Nesse livro, o autor fala de um tabu observado entre os tailandeses, o qual pode parecer estranho para alguns de nós. No Ocidente, algumas funções orgânicas nunca são mencionadas na presença de pessoas educadas. Não se passa o mesmo na Tailândia. Os tailandeses falam sem constrangimento desses assuntos, mas o curioso é que eles consideram os pés como apêndices não mencionáveis. Apontar para alguém com o pé é um sinal claro de desrespeito.
Dybdahl aprendeu por experiência própria quão seriamente os tailandeses consideram esse tabu. Certo dia, enquanto esperava sentado numa sala de tribunal, o seu tornozelo repousava sobre o joelho da outra perna, enquanto ele balançava o seu sapato de número 42 na direcção de ninguém em especial. O oficial de justiça ordenou-lhe, com palavras muito exactas, que mantivesse os pés assentes no chão!
Algum tempo mais tarde, Dybdahl conheceu um monge budista que fazia relevos de cimento no seu mosteiro. Os relevos representavam incidentes significativos das grandes religiões do mundo. Poderia Dybdahl sugerir um motivo que melhor representasse o cristianismo? Depois de reflectir sobre o pedido, Dybdahl sugeriu a cena da cerimónia do lava-pés, que precedeu a Santa Ceia.
- O senhor quer dizer que Jesus lavou os pés dos Seus discípulos? - perguntou o monge, espantado.
- Sim - respondeu Dybdahl com naturalidade.
Alguns instantes depois, o monge comentou com reverente temor:
- Acho que agora entendo o que significa o cristianismo. Vou representar Jesus a lavar os pés dos discípulos.
Será que essa compreensão levou o monge a aceitar Cristo? Dybdahl nunca soube. Mas a pergunta importante para nós é: Não deveríamos nós seguir mais fielmente o exemplo de humildade manifestado pelo original Servo dos servos?

sexta-feira, 30 de março de 2012

O CÂNTICO DE VITÓRIA

E cantavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro. Apocalipse 15:3.

O 'Cântico de Moisés' é sem dúvida uma referência à canção de livramento que Israel cantou celebrando o milagre no Mar Vermelho e a memorável vitória sobre as forças de Faraó. (Êxodo 15:1-21). Aquele cântico celebrou, entre explosões de gozo e expressões de louvor, a libertação do jugo egípcio. O hino do Cordeiro, entretanto, celebrará o triunfo final sobre a tirania do pecado e o domínio do mal.
Este será um momento pleno de alegrias e emoções. Os portais resplandecentes da cidade de Deus abrir-se-ão de par em par, e os redimidos do Senhor, em vibrantes aclamações, entrarão. Todo o céu vibrará de alegria. Ecoará melodiosa a música executada por hostes angelicais, acompanhada com harpas de ouro. E uma multidão inumerável, formada pelos redimidos de toda a terra, se unirá num jubiloso cântico: "Grandes e maravilhosas são as Tuas obras, Senhor Deus Todo-poderoso! Justos e verdadeiros são os Teus caminhos, ó Rei dos santos." Apocalipse 15:3.
Um escritor francês narra a história de um navio, no século passado, que durante semanas vagou à deriva, perdido no mar, batido pelas tormentas. Um dia, do alto do mastro, um marinheiro gritou ter avistado terra. Excitados, passageiros e tripulantes correram ao convés, aguardando ansiosos o momento quando vislumbrariam as praias no horizonte. Conseguiam divisar apenas contornos vagos, tão imprecisos, que quase se deixaram abater pelo desalento. Seria terra? Poderia ser a França? Era-o de facto? Ou algum país estranho? Gradativamente os contornos se tornavam mais distintos. Depois de algumas horas que se assemelharam a uma eternidade, o vigia bradou: "França! É a França!"
A alegria daqueles perplexos e atribulados passageiros e tripulantes não conheceu limites. Depois de tão longa tormenta, aflições e temores, chegavam afinal à pátria! O mesmo sucederá connosco, quando após as tempestades e tribulações desta vida, divisarmos as praias do além. O nosso gozo atingirá o seu climax quando os nossos pés cansados cruzarem os portais da Nova Jerusalém. Então viveremos com inexprimível emoção a experiência descrita pelo profeta de Patmos: Cantaremos "junto ao mar de vidro" o cântico de vitória.
Quando Jesus anunciou aos Seus discípulos que estava para deixá-los, viu que a tristeza os dominou. Por isso, com ternura, acrescentou: "A vossa tristeza se converterá em alegria .... Outra vez vos verei, e o vosso coração se alegrará." (S. João 16:20, 22). Então estaremos afinal na nossa Pátria eternal.

Enoch de Oliveira in Cada Dia Com Deus

quinta-feira, 29 de março de 2012

ELA DEU A OFERTA MAIOR

E disse (Jesus): Verdadeiramente vos digo que esta viúva pobre deu mais do que todos. Lucas 21:3

O incidente da viúva que ofereceu duas moedinhas ocorreu provavelmente na tarde de Terça-feira da Semana da Paixão. Imagine a cena: Durante a manhã inteira, primeiro os fariseus e herodianos, depois os saduceus, e finalmente os escribas, tinham estado a pôr Jesus à prova com perguntas capciosas, fazendo tudo para que Ele dissesse algo contraditório.
Agora estamos no início da tarde, e Jesus encontra-Se diante do gazofilácio, ensinando a multidão. Nesse momento, "estando Jesus a observar viu os ricos lançarem as suas ofertas no gazofilácio" (Lucas 21:1). Com que espalhafato alguns deles davam as suas contribuições!
Num outro contexto, a Bíblia conta-nos que, quando certos indivíduos do tempo de Cristo faziam algum 'acto de caridade', eles anunciavam-no com "toques de trombeta ... para serem glorificados pelos homens" (Mateus 6:2). Assim, é possível que alguns ricos a que se refere a história da viúva, tenham chamado a atenção para a sua generosidade, mandando tocar trombeta na frente deles. Note que o contexto imediatamente anterior ao acto da viúva conta-nos que Jesus advertiu o Seu auditório contra aqueles que "devoram as casas das viúvas e, para o justificar, fazem longas orações" (Marcos 12:40). Essas pessoas eram hipócritas.
Ninguém, hoje, manda tocar trombeta para atrair a atenção para a sua contribuição generosa para a igreja - pelo menos, não do mesmo modo. Mesmo assim, todos já ouvimos a expressão 'ele está a tocar trombeta'. Às vezes, o toque de trombeta acontece quando alguém garante enfaticamente que não deseja chamar a atenção para as suas contribuições, mas o que na realidade acontece é que essa pessoa atrai exactamente a atenção que o seu subconsciente deseja, através dos seus veementes protestos! Pense nisto.
Mas há outro ponto a ser considerado: Como pode Jesus dizer que a viúva, que tinha depositado apenas "duas pequenas moedas correspondentes a um quadrante" - a moeda mais pequena em circulação na época - tinha depositado mais do que todos os ofertantes? Já pensou que, devido ao exemplo abnegado daquela viúva, muitas pessoas desde o tempo de Jesus passaram a contribuir para a causa de Deus com maior fidelidade e com o mesmo espírito modesto? Teria sido nesse sentido que ela "deu mais do que todos"?

quarta-feira, 28 de março de 2012

UNIDADE DA DIVERSIDADE

Assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a mesma função; assim também nós, enquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros. Romanos 12:4 e 5

O hino cristão Benditos Laços, cantado frequentemente em despedidas, foi escrito por John Fawcet, pastor baptista de uma pequena congregação na Inglaterra. Em 1772, depois de ter trabalhado como pastor durante sete anos, ele foi chamado para trabalhar numa grande igreja de Londres. No dia seguinte à pregação do seu sermão de despedida, a mudança foi feita numa carroça. Muitos dos paroquianos foram despedir-se dele. Alguns, chorando, expressaram tristeza pela sua partida e suplicaram-lhe que ficasse.
Ele sentiu-se tão tocado por aquela demonstração de amor, que mandou descarregar os seus pertences e enviou àquela grande igreja da cidade o recado de que tinha mudado de ideias. Permaneceu na igrejinha o resto da sua vida. Pouco tempo depois da sua decisão de ficar, escreveu o hino pelo qual se tornou conhecido. O amor de Cristo, naturalmente, como diz o texto de hoje, é o laço que nos mantém unidos.
Com frequência, os discípulos de Jesus demonstravam falta de união, ao procurarem de modo egoísta ocupar os cargos mais elevados no Seu reino vindouro. Esse espírito de ambição ainda os dominava no dia anterior à crucifixão do Salvador. Foi devido a essa atitude independente e causadora de divisões que, pouco antes de deixar o aposento superior e sair para o Getsêmani, Jesus orou por unidade - não só unidade entre os Seus discípulos, mas entre todos aqueles que viriam a crer n'Ele por meio do seu testemunho - e esses incluem-no a si e a mim, não é? (Ver João 17:20 e 21.)
Unidade não é a mesma coisa que uniformidade. Deus não espera que cada cristão fale e actue de maneira exactamente igual à de outro cristão. A diversidade não é só permissível entre os cristãos; ela é desejável. Apesar disso, deve haver concordância no que diz respeito a crenças fundamentais e, desnecessário é dizer, essas crenças devem ser baseadas na Bíblia. Richard Baxter, pregador inglês, diz isso do seguinte modo: "Nas coisas necessárias, unidade; nas coisas duvidosas, liberdade; em todas as coisas, caridade."
No Juízo Final, a grande pergunta para nós não será: "Em que creu?" - por mais importante que isso possa ser. Mas sim: "Como tratou o seu semelhante?"
Benditos Laços

Benditos, sagrados serão,
os laços fraternos do amor,
Se juntos, com Cristo,
ficarmos unidos,
Na causa, na luta, na dor.

Se juntos orarmos a Deus,
se juntos buscarmos poder,
As hostes contrárias,
as forças das trevas,
Com Cristo iremos vencer.

Se desta sagrada reunião,
nós vamos distantes ficar,
Na pátria celeste,
p'ra sempre com Cristo,
Unidos havemos de estar.

terça-feira, 27 de março de 2012

INTERESSE PELAS PESSOAS

Olha à minha direita e vê, pois não há quem me reconheça, nenhum lugar de refúgio, ninguém que por mim se interesse. Salmo 142:4

Algumas versões da Bíblia dizem, na parte final desse versículo: "Ninguém que se interesse pela minha alma." No hebraico, a expressão traduzida por 'minha alma' quer dizer com frequência simplesmente 'mim'. Nalguns casos, como em Tiago 5:20, alma refere-se a pessoas em necessidade de salvação. Por enquanto, pensemos em alma nesse sentido. Quanto interesse temos pela salvação dos que nos rodeiam?
Quando o teimoso evangelista americano Dwight L. Moody era adolescente, conseguiu trabalho como empregado na sapataria do seu tio. Algumas semanas antes disso, tinha-se inscrito numa classe de escola dominical cujo professor era Ezra Kimball. Esse Sr. Kimball não era simplesmente um professor comum de escola dominical; ele manifestava interesse pelo bem-estar espiritual dos seus alunos. Um dia, sentiu-se inspirado a fazer um apelo para que Moody dedicasse a sua vida a Cristo.
No dia 21 de Abril de 1855, o Sr. Kimball foi à loja onde Moody trabalhava e perguntou se podia falar com ele. Encontrou o jovem no fundo da loja, a arrumar sapatos numa prateleira. Pondo a mão sobre o ombro de Dwight, disse:
- Dwight, estou preocupado contigo.
Nesse momento os seus lábios tremeram e ele não conseguiu continuar. Quando se recompôs, contou a Moody acerca do amor de Cristo por ele e apelou-lhe para que correspondesse a esse amor.
Quando o professor saiu, Moody disse para si mesmo: "Mas não é estranho? Aqui está um homem que me conhece há tão pouco tempo, mas que mesmo assim se interessa pela minha alma. Acho que é tempo de eu me interessar por ela também". Descendo ao porão, ajoelhou-se atrás de algumas caixas e entregou a sua vida a Cristo. E aquela vida tomou um novo rumo. O resto da história é conhecida. Moody tornou-se um dos maiores 'conquistadores' de almas da sua geração.
O que teria acontecido se o Sr. Kimball não tivesse interesse pelas almas?
Por toda a parte, ao nosso redor, existem pessoas que necessitam de Cristo. Quão preocupados estamos, você e eu, com a salvação delas? Se o Espírito Santo o levasse hoje a falar com alguém a respeito da salvação, Ele poderia notar o seu interesse?

segunda-feira, 26 de março de 2012

A MULHER PREOCUPADA

"Marta, Marta" - respondeu o Senhor, "você está preocupada e atarefada preparando uma refeição de cardápio variado. Um prato só é suficiente. Maria escolheu o melhor prato, e este não lhe será tirado." Lucas 10:41 e 42 (Comentário Bíblico de William Barclay)

Há muitas traduções da passagem bíblica acima feitas por eruditos, mas William Barclay parece captar o sentido do original com mais exactidão.
Imagine a cena comigo. Ela ocorreu num dos lares mais ricos de Betânia, onde viviam Maria, Marta e o seu irmão Lázaro. O facto de terem de preparar uma refeição após a chegada do visitante, parece sugerir que Jesus chegou àquela casa sem ter avisado. Sendo assim, podemos concluir que talvez Ele tenha sido anteriormente convidado a aparecer quando quisesse.
Depois de cumprimentar Jesus (verso 39), Marta começou a ocupar-se no peparo de uma refeição custosa - as 'muitas coisas' (polla, no grego) com as quais Barclay sugere que ela se preocupou. Maria é mencionada a seguir. A palavra grega kai é geralmente traduzida por 'e'; mas no contexto pode ser traduzida por 'também'. Essa última poderia indicar que Maria, a princípio, tinha ajudado a sua irmã ao mesmo tempo que ouvia Jesus, mas que deveria ter parado de ajudar para sentar-se, encantada com as palavras do Mestre.
Finalmente, desesperada, Marta interrompeu pedindo (talvez exigindo) que Jesus mandasse Maria ajudá-la a preparar uma refeição com muitos pratos. É interessante notar que Jesus não ignorou a importância da refeição. Contudo, se Barclay estiver certo, Jesus sugeriu que um prato só era suficiente. Mas Jesus continuou e identificou as instruções que estava a dar a Maria como sendo 'o prato' (no grego, merida: 'porção de alimento') que ela tinha escolhido; esse, disse Jesus, Ele não lhe tiraria. Maria sabia quais eram as suas prioridades.
Assim como o alimento é importante para a manutenção da vida física, a nutrição espiritual é importante para a manutenção da vida espiritual. Não, a última é mais importante! Job entendeu isso quando declarou: "Estimo as palavras da Sua boca mais do que o meu necessário alimento." Job 23:12 - Barclay. O mundo seria bem melhor se as pessoas se preocupassem menos com o alimento físico e mais com a nutrição espiritual.

domingo, 25 de março de 2012

SANGUE PRECIOSO

Não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo. I Pedro 1:18 e 19

Há alguns anos, foi publicada uma interessante história acerca da Sra. Rose L. McMullin. Essa senhora viajara de um lado para o outro na América, doando sangue. Na ocasião em que a história foi publicada, ela acabava de chegar à cidade de Nova Iorque, para doar sangue a uma jovem mãe de 25 anos de idade. Não muito tempo antes disso, ela tinha estado em Salt Lake City, onde doara sangue para uma transfusão. Na época da publicação, ela tinha fornecido sangue para mais de 400 transfusões em 40 Estados!
A Sra. McMullin foi reconhecida como um fenómeno pelo mundo da Medicina. Ela era uma das raras pessoas cujo sangue contém um factor resistente ao 'estafilococo áureo', uma bactéria que pode causar sérias complicações quando penetra na corrente sanguínea. Além disso, ela era uma das raras pessoas cujo organismo recupera rapidamente da perda de sangue.
Por mais que nos maravilhemos diante das qualidades do sangue da Sra. McMullin, ele nunca poderia realizar aquilo que o sangue de Jesus Cristo fez por nós. O Seu "sangue ... purifica-nos de todo o pecado". I João 1:7. Mas como pode o sangue purificar-nos do pecado? Em geral, achamos que o sangue suja coisas, em vez de limpá-las.
A razão é porque, na Bíblia, o sangue simboliza a vida. Levítico 17:14 declara: "O sangue é a vida" (A Bíblia Viva). Mas o sangue não representa meramente a força vital em todos os seres vivos; ele também representa a vida que se viveu. Isso é um ponto importante que, com frequência, os teólogos passam por alto.
Jesus viveu uma vida sem pecado e o sangue d'Ele, representando a Sua força e a vida que Ele viveu, toma o lugar da nossa vida pecaminosa. É nesse sentido que o Seu sangue nos purifica de todo o pecado.
Mas para que o sangue derramado em nosso favor produza efeito, precisamos de aceitá-lo pela fé. Quando fizermos isso, não receberemos apenas o perdão de todos os pecados, mas o poder para vencer os pecados.