sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A ATRACÇÃO DOS LIVROS

Quando vieres traz a capa que deixei em Troas... e os livros, principalmente os pergaminhos. II Timóteo 4:13

Entre as últimas palavras escritas pelo grande apóstolo Paulo, encontra-se este simples pedido: "Traz... os livros, principalmente os pergaminhos." O apóstolo encontrava-se confinado dentro de um calabouço em Roma. Pressentia claramente aproximar-se o dia do seu martírio. Com palavras dramáticas rogava a Timóteo para vir ter com ele, uma vez que todos o tinham abandonado. Na sua solidão, desejava ardentemente a presença confortadora de um amigo como Timóteo. Desejava também que o jovem pastor de Éfeso trouxesse com ele os livros e os pergaminhos. A diferença entre os dois é que os primeiros eram feitos de papiro, e não de pergaminho.
Alguns eruditos crêem que estes pergaminhos eram "a versão de Paulo do Antigo Testamento para o grego, que não era uma carga pequena, que pudesse ser carregada daqui para ali", ou "possivelmente cópias oficiais das palavras de Jesus, ou narrativas primitivas da Sua vida."
Os livros eram uma parte importante na vida deste eloquente pregador, e agora, no crepúsculo do seu ministério, ele desejou o conforto e a inspiração dos grandes livros.
Há cristãos que no seu 'zelo sem entendimento', desprezam de um modo geral os bons livros. Crêem que a Bíblia lhes é suficiente. Calvino (1509-1564), entretanto, vale-se do pedido de Paulo para refutar "a insensatez dos fanáticos que desprezam os livros e condenam toda a leitura, gloriando-se somente do seu fervor e das suas aspirações particulares acerca de Deus."
Alguns comentaristas da Bíblia destacaram o paralelismo histórico existente entre Paulo, em Roma, e William Tyndale (1494-1536), quinze séculos depois. Perseguido e preso na Bélgica por causa da sua fé, pouco antes do seu martírio, Tyndale escreveu uma carta ao Marquês de Bergen, dizendo: "Rogo de Vossa Senhoria, pelo Senhor Jesus, que, se eu tiver de ficar aqui durante o inverno, suplique ao comissário a fineza de me mandar duas coisas que são minhas, ... um gorro de lã, sinto dolorosamente o frio na minha cabeça e também uma capa mais quente, pois a que tenho é muito fina. ... Mas, acima de tudo, a minha Bíblia hebraica, a minha Gramática e o meu Vocabulário, para que eu use o meu tempo nesta actividade."
Tanto o apóstolo Paulo como William Tyndale, mesmo em circunstâncias adversas, não ocultaram o seu profundo amor aos livros.
Um crente que não lê assemelha-se a uma alma solitária e aflita que desconhece as atracções e encantos existentes no maravilhoso e fascinante mundo dos livros.

Enoch de Oliveira in Cada Dia com Deus