terça-feira, 20 de novembro de 2012

O MISTÉRIO DA DIVINDADE

De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Filipenses 2:5, 6.

Não exageramos ao afirmar que os versículos 5 a 11 do capítulo 2 da epístola aos Filipenses, representam a mais sublime descrição apresentada nas Escrituras da pessoa de Cristo. Lendo estes inspirados versículos, os nossos pensamentos instintivamente se dirigem ao Aconcágua, que, coroado de neve, na sua solitária grandeza em meio à cordilheira andina, se ergue imponente bem acima dos demais picos que o circundam.
O versículo 6 apresenta-nos o Verbo antes de se ausentar dos "palácios de marfim", para entrar no nosso poluído e perturbado planeta. No vocábulo traduzido por "sendo", "existindo", ou "subsistindo" (verso 6), vislumbramos os mistérios insondáveis de um tempo que se perde na névoa da eternidade. Mui conhecidas são as palavras do apóstolo João, escritas como prólogo ao evangelho que lhe toma o nome: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez." S. João 1:1-3.
Muitos se têm debruçado sobre este tema, animados pelo desejo de desvendar os mistérios insondáveis relacionados com a pré-existência de Cristo. Não deveríamos, porém, permitir que este afã por entender o que não nos foi revelado, desvie a nossa atenção do ponto central focalizado pelo apóstolo, neste texto, a saber: Que Jesus, embora sendo Deus, não Se apegou às prerrogativas inerentes à divindade, mas assumiu voluntariamente a natureza humana com todas as suas limitações e desvantagens, tornando-Se um connosco.
Ao nascer na manjedoura de Belém - o milagre biológico - o mistério da encarnação consumou-se. O Seu ingresso na família humana não ocorreu pela geração natural, como no nosso caso, mas por acto criador. Os trinta e três anos da Sua peregrinação neste mundo podem ser contados como um interlúdio na carne, pois a eternidade existia antes d'Ele e a eternidade existe depois d'Ele.
"E o Verbo Se fez carne e habitou entre nós." (Verso 14). Consumada a Sua obra neste mundo, voltou a ocupar o "trono do universo", retendo o Seu corpo ressurrecto. E agora, como amoroso Mediador que Se compadece das nossas fraquezas, derrama sobre nós as bênçãos do perdão e a alegria da salvação.