sexta-feira, 2 de março de 2012

A VULNERABILIDADE DOS JUSTOS

Tendes condenado e matado o justo, sem que ele vos faça resistência. Sede, pois, irmãos, pacientes, até à vinda do Senhor. Tiago 5:6 e 7

Crê-se que Aristides, o Justo, um general e estadista ateniense, recebeu essa alcunha por causa da sua distribuição equitativa dos impostos entre os membros da aliança ateniense conhecida como a Liga Deliana.
Em 483 a.C. a ecclesia, ou assembleia dos cidadãos atenienses que se reunia no Areópago, votou banir Aristides do país por ele se ter manifestado contrário à política de Temístocles, outro general ateniense.
Conta-se que durante o processo um cidadão analfabeto, que não sabia quem era Aristides, lhe pediu que escrevesse 'Aristides' sobre um ostrakon (uma concha ou um fragmento de cerâmica), significando que o seu voto era a favor do exílio. Aristides fez o que o homem tinha pedido e depois perguntou se ele conhecia Aristides e, nesse caso, o que tinha contra ele.
- Não sei nada sobre Aristides - respondeu o homem - mas estou cansado de ouvir o povo chamar-lhe Aristides, o Justo.
(A nossa palavra 'ostracismo', por falar nisso, vem de ostrakon. Há muitos anos atrás, os arqueólogos realmente encontraram um caco de louça com o nome Aristides aí riscado; pensa-se que era um voto a favor do seu exílio.)
Alguém pode pensar que Aristides, por ter sido banido pelos seus concidadãos, se tenha voltado contra o seu mal-agradecido país, mas ele não o fez. Em 480 a.C., voltou para Atenas e desempenhou um papel importante vencendo a Maratona. Poucos dias mais tarde, na batalha de Salamis, prestou um serviço leal a - imaginem só - Temístocles, o seu oponente político.
Embora Aristides descendesse de uma abastada família ateniense, morreu pobre; tão pobre, na verdade, que não sobrou dinheiro suficiente para pagar o seu funeral.
Com frequência acontece que, à semelhança de Aristides, "quem se desvia do mal é tratado como presa". Isaías 59:15. Mas os cristãos têm o mesmo consolo de saber que Deus está a par das injustiças, pois Isaías continua a dizer: "O Senhor viu isso, e desaprovou o não haver justiça." Embora devamos ser "prudentes como as serpentes" (Mateus 10:16), nunca devemos tornar-nos cínicos. Antes, continuemos a amar e a fazer todo o bem possível àqueles que podem não gostar de nós.